O Bloco Camaleão, uma das maiores atrações do Carnaval de Salvador, fez sua estreia memorável em 1979, desfilando na Avenida com o Trio Maragós. Contudo, a história deste fenômeno começa um ano antes, em 1978. Um grupo de jovens universitários de Salvador, apaixonados pelo Carnaval, decidiu transformar o evento em algo mais estruturado e profissional. Observando o cenário carnavalesco da época, eles notaram o potencial de crescimento da festa, que ainda era realizada sem a devida organização.

Inspirados pela vibrante vida da Praça da Piedade e pelos camaleões que frequentavam o local, o artista plástico Bel Borba sugeriu o nome "Camaleão". O nome não só capturava a essência da transformação e inovação, como também oferecia uma ampla gama de possibilidades criativas para a identidade visual do bloco.

Os fundadores enfrentaram o desafio inicial de convencer as pessoas a aderirem a um projeto dirigido por jovens que não tinham nenhuma experiência anterior em Carnaval. Implementaram um sistema de vendas pioneiro, baseado em um modelo de rede. Cada sócio contatava 10 amigos, que se tornavam "delegados", e cada delegado recrutava mais 10 participantes, que deu origem ao slogan do 1º ano: "Quem sai no Camaleão é um amigo de um amigo seu. Pelo menos". Esse método garantiu não apenas a participação, mas também um sistema de recompensas, promovendo o engajamento.

O resultado foi um espetáculo de estreia em 1979 que cativou todos, recebendo aclamação da imprensa como "a mais grata surpresa do Carnaval daquele ano". A partir daí, o Camaleão, modificou a estrutura do Carnaval de Salvador criando uma nova forma de se fazer a "folia".

Em 1980, o Camaleão continuou a inovar com a construção de seu próprio trio elétrico, projetado pelo artista Bel Borba. Este trio elétrico era revestido com fibra de vidro e pintura spray, refletindo o espírito criativo do bloco. Foi também neste período que surgiram as primeiras bandas de trio. O Camaleão foi pioneiro ao montar uma banda exclusiva, a Salamandra, com grandes nomes da Axé Music, como Virgílio e Sarajane. A banda iniciou sua jornada em micaretas pelo interior do estado, marcando mais um capítulo de sucesso.

O Carnaval de 1985 foi um marco com a parceria com Luiz Caldas, uma das grandes novidades da música baiana naquela época, responsável pelos sucessos do verão com composições sempre estouradas na programação das rádios da cidade. Foram seus ritmos quentes e dançantes, como o fricote e deboche que deram início à Axé Music. Foi um sucesso absoluto e deu início à era Luiz Caldas no Camaleão. A partir daí, foram 6 carnavais de muito agito com o rei do fricote. Esse período marcou o auge da sua carreira e a história do Carnaval.

A busca contínua por inovação levou o Camaleão a uma nova parceria em 1991 com a banda Chiclete com Banana. A estreia foi um evento histórico, criando uma explosão de energia e emoção que permanece viva na memória de todos que participaram. O ritmo contagiante da banda liderada por Bell Marques conquistou definitivamente o coração do público. O primeiro carnaval do Chiclete no Camaleão emocionou a todos, foi uma verdadeira explosão de alegria ainda presente na memória de quem participou desse momento.

A partir de 2014, Bell Marques iniciou sua carreira solo. Com seu carisma e estilo inconfundível, ele se consolidou como um dos artistas baianos mais queridos, arrastado multidões e lotando shows por todo o Brasil.

Hoje, o Bloco Camaleão é reconhecido como o maior bloco de Carnaval do Brasil e um dos maiores responsáveis por transformar o Carnaval de Salvador na maior festa de rua do mundo. Sob a liderança de Bell Marques, Salvador para pra ver o Camaleão passar na Avenida, enquanto a multidão não consegue ficar parada um só minuto.